Piscologia e o RPG de mesa
Olá Geeks! Você senta à mesa, pega seus dados, entra no personagem… e, de repente, não é só um jogo, e sim uma jornada de autodescoberta. Terapeutas já usam o RPG como ferramenta real de cuidado. Em consultórios, escolas e grupos de apoio, o que parece “só brincadeira” vira um canal direto para o coração e para mente. Não acredita? Então veja e pague com a lingua!
Sacola Nerd
4/24/20254 min read
O que é RPG de Mesa?
Imagine poder ser quem você quiser: um mago poderoso, uma ladina ágil, um guerreiro com um passado sombrio — ou até um fazendeiro que decidiu salvar o mundo. Agora imagine viver histórias épicas, cheias de perigos, escolhas difíceis e momentos inesquecíveis… tudo isso com seus amigos, ao redor de uma mesa (real ou virtual), com dados, livros e imaginação como ferramentas. Isso é RPG de mesa.
RPG (Role-Playing Game) é um jogo onde você interpreta um personagem dentro de uma narrativa criada em grupo. É como se fosse um filme ou um livro, mas em vez de só assistir… você está lá, vivendo aquilo.
Não tem tabuleiro fixo. Quem conduz a história é o mestre (ou narrador), que descreve o mundo, interpreta personagens secundários e cria os desafios. E você, junto com os outros jogadores, decide o que seu personagem faz, fala, sente. Não tem resposta certa — tem criatividade, coragem e, claro, a sorte nos dados.
Vai atacar o dragão? Vai tentar negociar? Vai correr? Você escolhe. Cada decisão muda o rumo da história. Mais do que um jogo, o RPG é um espaço de criação coletiva, de amizade, de risadas, de emoção. É onde adultos voltam a brincar, onde tímidos se soltam, onde a imaginação vira palco.
E o mais bonito: não importa se você é novo ou experiente, nerd raiz ou curioso de primeira viagem. Sempre vai ter um lugar pra você na mesa. Porque no RPG, a aventura só acontece porque vocês criam juntos.
O que a psicologia acha sobre o RPG de mesa?
A psicologia tem um olhar bem interessante sobre RPGs de mesa (como Dungeons & Dragons), especialmente nas áreas de desenvolvimento pessoal, socialização e até saúde mental. Alguns estudos:
Blackmon, W. D. (1994). Dungeons and dragons: The use of a fantasy game in the psychotherapeutic treatment of a young adult.
Enfield, G. (2007). Becoming the Hero: The Use of Role-Playing Games in Psychotherapy.
Hines, M. T. (2019). Role-Playing Games and Mental Health: A Study of Therapeutic Use of Tabletop RPGs.
O RPG terapêutico é uma adaptação do RPG de mesa tradicional (como Dungeons & Dragons, por exemplo), onde a experiência de jogo é estruturada com objetivos psicoterapêuticos. Ele pode ser usado em:
Terapia individual
Terapia de grupo
Psicoterapia com crianças, adolescentes e adultos
Ambientes educacionais e clínicos
A ideia é que o paciente jogue um personagem e vivencie situações simbólicas que refletem questões emocionais, comportamentais ou cognitivas reais. O terapeuta pode sugerir ao paciente que crie um personagem com traços semelhantes ou contrastantes aos seus.
Às vezes, os personagens são criados para simbolizar aspectos internos da psique (ex: "um guerreiro impulsivo" que representa raiva reprimida). O processo de criação já é terapêutico, pois envolve reflexão, projeção e construção de identidade.
As aventuras propostas trazem temas simbólicos, como abandono, rejeição, coragem, confiança, justiça, entre outros. O terapeuta pode usar o cenário para criar situações paralelas às dificuldades do paciente (ex: uma missão em que o personagem tem que lidar com a rejeição de um grupo — espelhando experiências do mundo real)
As decisões tomadas no jogo funcionam como simulações de vida real. O paciente pode experimentar novos comportamentos, ver as consequências em um ambiente seguro e aprender com a experiência. Vivenciar emoções intensas no jogo pode facilitar a expressão emocional.
O jogo permite uma distância segura: o paciente não está falando “dele”, mas do personagem — o que facilita a abertura. O terapeuta pode conduzir conversas pós-jogo para refletir sobre o que aconteceu: "O que o personagem sentiu? E você?"
O uso do RPG terapêutico é como uma ponte entre mundos: o do jogo, repleto de fantasias, desafios e aventuras, e o da psique humana, com suas complexas emoções, traumas e desejos. No cenário do RPG, o paciente não é apenas um espectador passivo da própria vida — ele se torna o herói da sua própria história, capaz de explorar novas formas de ser e de agir, enfrentar os próprios medos e, quem sabe, se transformar ao longo da jornada.
Através da construção de personagens, escolhas significativas e interações simbólicas, o RPG oferece um espaço seguro e criativo onde emoções e conflitos podem ser processados, sem a pressão de estar diretamente confrontando a realidade. É uma ferramenta poderosa de autoconhecimento, onde as linhas entre a fantasia e a realidade se borram de maneira saudável, permitindo que o indivíduo explore as várias camadas da sua identidade.
No fim, o RPG terapêutico nos lembra que todos nós somos, em algum momento, protagonistas de nossa própria narrativa — e que, por mais desafiadora que seja, a história de nossa vida pode ter muitos capítulos de transformação, cura e, principalmente, de ressignificação. O jogo nos ensina, de maneira lúdica e profunda, que a jornada de autodescoberta pode ser feita com coragem, curiosidade e, quem sabe, uma boa dose de magia.







